Especialmente em empresas que estão crescendo rápido, uma constante é o aumento de números de times, mudanças na arquitetura organizacional, papéis e responsabilidades. Por isso, entender as melhores práticas para Formação de Times é fundamental!
Sabemos que são as pessoas que fazem as empresas, e saber lidar bem com os desafios de formação de equipes é essencial para manter a cultura saudável e a alta performance das equipes.
Não é incomum ver empreendedores lamentando que quando suas empresas eram menores eram muito mais produtivas, e que o aumento do número e pessoas e os novos processos os deixaram lentos, ou ainda que o crescimento rápido fez com que a cultura da empresa e os valores se perdessem no caminho.
No livro Delivering Happiness (em português nomeado Satisfação Garantida), o CEO da Zappos conta como foi passar por isso em uma de suas empresas anteriores, a cultura ficou tão ruim que nem ele mesmo queria continuar trabalhando lá!
Para lidar com isso eu tenho estudado e quero recomendar dois modelos principais que servem para nos ajudar a entender esse processo de formação de equipes. O modelo de Tuckman e o Modelo das Disfunções de Equipes.
Os Estágios de Tuckman
Tuckman, que se chamava Bruce Wayne Tuckman (isso mesmo, quase igual ao Batman), nasceu 1938 e realizou uma pesquisa sobre a Teoria da Dinâmica de Grupo.
Essa teoria foi evoluindo ao longo de suas publicações, mas na versão mais recente, possui quatro estágios da formação de times. É importante conhecer cada um deles, e estar preparado para facilitar e liderar suas equipe para que passe bem por eles até chegar ao estágio de performance.
Veja abaixo cada um desses estágios e suas características.
Forming (Formação de Times)
- As pessoas não falam nem cooperam tanto;
- Mantém hábitos mais individualistas;
- Cada um na sua especialidade;
- Não precisam tanto uns dos outros;
Storming
Essa fase, começa pouco tempo depois da formação, especialmente ao se trabalhar com métodos ágeis, ou outros processos que estimulam a cooperação.
- A tensão aumenta;
- A argumentação aumenta;
- As pessoas começam a se estranhar;
- O ambiente piora;
Norming
- As coisas começam a fluir melhor;
- Há mais organização, melhor do que antes;
- As pessoas entendem como trabalhar juntas;
Performing
- Esse é o melhor estágio de todos;
- Tudo flui muito bem e naturalmente;
- As pessoas sabem bem como contribuir com o grupo;
- O trabalho é divertido e produtivo;
- O time está confiante em sua capacidade e habilidades;
Mudanças
E a grande beleza da coisa, que essas fases vão permanecer num ciclo sem fim a equipe existir, as mudanças sempre vão acontecer nos integrantes, que podem chegar, ou ir embora, nos processos, e também no ambiente.
Sempre que uma mudança acontece, o time volta ao estágio de norming, e segue pelas outras etapas, e quanto mais ciclos de mudança o time passar com os membros integrantes, mais facilidade de voltar a performar.
5 Principais Desafios
Mas nem todos os times, independente do tempo que passam juntos, se tornam times de alta performance, e isso se deve a algumas situações que Patrick Lencioni descreve em seu livro as cinco disfunções de um time (The Five Dysfunctions of a Team).
Como líder ou membro de um time ágil é muito importante que você conheça cada umas disfunções (ou sintomas) para que você perceba quando ocorrer e busque trabalhar e orientar o time para que superem esse problema. Sem isso será raro que se tornem um time de alta performance.
- Falta de Confiança: Embora as pessoas digam que confiam umas nas outras e se conhecem a um certo tempo, muita vezes, tem medo de mostrar vulnerabilidade, de mostrar que podem cometer erros, e que não sabem tudo. Esse tipo de medo bloqueia comportamentos essenciais de times de alta performance, como tentar coisas novas, buscar melhorar processos, pensar fora da caixa, e até mesmo colaborar e trabalhar em conjunto com as demais pessoas do time de forma colaborativa.
- Medo do Conflito: O medo do conflito leva a um ambiente de mentira, em que tudo parece estar bem, todo mundo parece concordar, mas na realidade, ninguém é honesto, sincero, não há transparência, nem troca de ideias e conhecimento. Aqui as melhores ideias não ganham porque as pessoas as guardam para si com medo de encontrar resistencia ou entrar em desacordo com os outros membros do time.
- Falta de Comprometimento: As pessoas não se responsabilizam pela qualidade nem por prazos, sempre há algum favor externo fora de controle para culpar e justificar, outras equipes, a forma que o projeto foi vendido, o código legado, ou qualquer outra coisa. Agem de forma reativa, em vez de proativa.
- Não Assumir Responsabilidade: Especialmente, quando as pessoas sentem que suas opinões não contam, ou que não estão ajudando na definição da solução, elas não se responsabiliza pelas decisões tomadas e nem pela performance e pelo comportamento dos demais membros do time. “Eu sabia que isso não iria funcionar”, é algo comum de ser ouvir nesses casos. Em um time de alta performance as pessoas discutem e argumentam, refletem e questionam, tomam um decisão, e uma vez tomada a responsabilidade é compartilhada e assumida por todos.
- Falta de Atenção aos Resultados: Quando não há colaboração, cada um está preocupado com a sua parte, e com suas metas individuais em vez da meta compartilhada da equipe. “Eu fiz minha parte”, é algo comum de se ouvir nesse cenário. Equipes de alta performance tem profissionais comprometidos com o resultado, com a entrega, e inclusive estão dispostos a ir além de suas especializações, fazendo o que for de valor valor, e o que for necessário para garantir o sucesso do trabalho. Não se limitam a seu job description.
Agora que você já conhece esses sintomas fique de olho, no momento da formação de times é preciso criar um ambiente em que as pessoas possam experimentar, e comentar erros, mas que ao mesmo tempo tenham que se comprometer pelos resultados e pelas entregas, e participar ativamente das escolhas e decisões importantes, um ambiente em que todos possam argumentar e dar suas opiniões, mas que uma vez que uma decisão seja tomada (seja qual for o método de decisões adotado na sua organização) todos se comprometam em fazer o seu melhor e acreditem e busquem o sucesso trabalhando colaborativamente.
Muito mais fácil falar do que fazer. Mas vale a pena!
Pronto para repensar as práticas de formação de times na sua empresa?